Maestro Jorge Antunes

Maestro Jorge Antunes:
"A vida imita a arte. Por isso eu faço música engajada politicamente, em busca da justiça social."

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

HOMENAGEM AO POVO DO NORDESTE BRASILEIRO




Com muita alegria presto aqui uma homenagem ao povo nordestino

Recentemente foi feita crítica injusta e perversa ao povo brasileiro do Nordeste. Mais uma vez o povo valoroso nordestino foi atacado de modo racista e discriminatório. Em desagravo e em homenagem àqueles brasileiros, coloco no ar gratuitamente a gravação do terceiro movimento de minha SINFONIA EM CINCO MOVIMENTOS intitulado “O Povo Brasileiro Nordestino”.

Ouçam em:
http://www.americasnet.com.br/antunes/audio/O_Povo_Brasileiro_Nordestino.mp3




Em 1999 o Ministério da Cultura do governo brasileiro empreendeu uma ação maravilhosa e raríssima: promoveu a encomenda de obras sinfônicas a compositores brasileiros. A motivação era a efeméride do ano seguinte, 2000, quando seriam celebrados os 500 anos do descobrimento do Brasil. O presidente da República era Fernando Henrique Cardoso e o Ministro da Cultura era Francisco Weffort. Mas isso não significava lucidez do governo. Weffort confessou-me, em 2000, que desconhecia totalmente a existência de compositores brasileiros de música erudita. Por trás das ações do Ministério estava alguém de vasta cultura musical e visão admirável da cultura brasileira: o embaixador Wladimir Murtinho, que assessorava o Ministro à época.
O Ministério queria escolher cinco compositores para que fossem compostas cinco obras sinfônicas homenageando o Descobrimento do Brasil. Para tanto foi nomeada uma comissão de regentes de orquestra com a incumbência de serem escolhidos os cinco compositores. A comissão de maestros foi assim constituída: Isaac Karabtchevsky, Silvio Barbato, Norton Morozowics, Osman Gioia, Diogo Pacheco, Benito Juarez e Tiago Flores. Essa comissão escolheu os seguintes compositores: Edino Krieger, Jorge Antunes, Egberto Gismonti, Almeida Prado e Ronaldo Miranda.
Quando recebi a notícia, fiquei feliz e preocupadíssimo, pois eu não via motivos para comemorar o chamado “descobrimento do Brasil”. Sempre achei que o Brasil não foi descoberto. Foi, sim, invadido. Entendo que o Brasil foi encoberto. A truculência dos invasores colonizadores encobriu e enterrou as culturas autóctones.
Para contornar meu conflito interno, resolvi escrever uma obra homenageando o povo brasileiro. Assim, compus uma Sinfonia dividida em cinco movimentos: 1- O Povo Brasileiro Índio; 2- O Povo Brasileiro Negro; 3- O Povo Brasileiro Nordestino; 4- O Povo Brasileiro em Fim de Milênio; 5- Utopia para o Povo Brasileiro.
O terceiro movimento, cujo link aqui eu indico, utiliza um tema de baião que esporadicamente é interrompido por ataques orquestrais de massas sonoras quase extemporâneas. A abertura e a coda do movimento fazem uso de sons eletrônicos, mesclados aos sons da orquestra, que nos reportam a um carro de boi: aquele mesmo do filme Vidas Secas de Nelson Pereira dos Santos.

A gravação foi feita pela Orquestra do Teatro Nacional de Brasília, sob a regência de Silvio Barbato:
http://www.americasnet.com.br/antunes/audio/O_Povo_Brasileiro_Nordestino.mp3

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